11 de fevereiro de 2008

Enquanto ouvirem ruídos na fala...

Há dias que não passo por aqui. Não por falta do desejo da escrita mas pelas questões tecnológicas que me impediram de continuar.
Fico pensando: será mesmo que as pessoas acessam esse blog e leêm coisas minhas?
De qualquer forma escrevo também para o meu deleite e por ser, nesse momento, minha "válcula de escape".
...

Quero falar sobre algo que me perturba há algum tempo.
Nesse momento a atriz tem sido o meu lado mais sofrido da vida gente! (mais do que a produção, ufa...). Acho que a atriz precisa respirar, correr solitária pelos prados e campinas...
Sem pressões externas e desvios pelo caminho...
Fico pensando que autonomia é essa do ator, de não ser apenas um "robô" obedecendo aos comandos de uma "voz superior" , mas de criar, propor e ser aceita também na minha condição de cena.
Ai, ai... o processo porque passa uma atriz me lembra um pouco um "condenado", ou alguém em um campo de concentração: concentração e vigília, repetição, faça isso, faça aquilo, vá por ali, explore mais,,,
Bem, vou deixar de abstrações e contar uma pequena estorinha:
Era uma vez uma menina-atriz. Ela era talentosa, nem sei se tanto assim, mas se esforçava, e isso é um ponto positivo no teatro. Gostava do que fazia. Ia aos ensaios, pensava em suas personagens como pessoas e atitudes mas não como uma forma de todos acharem a sua "técnica" eficiente. Em casa ela anotava palavras que acreditava serem importantes em seu texto (ainda que não fossem as ideais). A dramaturga então, chegava e dizia que a menina-mulher-atriz escolheu "Aleatoriamente" as palavras do texto e ainda falava que os atores tinham uma atitude "covarde" perante o processo e dava mil lições do ator-santo nosso de cada dia.
Ela, menina, não ligava de fazer e desfazer a linha da criação da cena mas ser acusada de ser burra, preguiçosa e covarde... não, isso não.
Sendo assim, ela não queria o ator-santo. Queria o ator mundano, humano, que sofre, que sente afeto e que não fica só em treinamento físico-psicofísico. Ela não quer ser santa, quer ser mulher, prefere o inferno ao paraíso do ator.

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