26 de dezembro de 2010

Profecias e retomadas de tarefas para 2011

Sempre que chega o mês de dezembro começamos a colocar "na balança" o ano que finaliza: nossas conquistas, perdas, decepções, alegrias, tarefas cumpridas. Assim, vem à tona também as questões emergenciais para o ano que bate à porta, cada um de nós com as suas prioridades: seja economizar nas finanças, ter uma alimentação mais saudável, aquela ginástica ou caminhada que sempre é interrompida ser retomada, enfim.
No que concerne ao nosso universo artístico, o que me preocupa muito é o público. Onde está o público do teatro? No período da minha última temporada, que se findou no dia 12 de dezembro, indo para o Teatro da Assembleia, eu passava por praças lotadas de pais e crianças com seus brinquedos, suas pipocas e sorvetes derretidos e também por botecos abarrotados de garrafas de cerveja e pessoas descontraídas. Bem, por que as salas de teatro não lotam? Não é por falta de trabalhos que primam por qualidade e conteúdo, graças a Deus, em Belo Horizonte temos produzido muitos espetáculos significativos, não apenas para nós, mas para outras pessoas também. Bem, onde estão as pessoas??? Nós artistas precisamos refletir e mobilizar para a formação de público na cidade. Constato de que nada adianta passarmos meses na sala de ensaio, fazermos temporadas e circularmos se o público não se aproxima de fato. É preciso educar as pessoas, no sentido de entender a arte como um bem comum. Por que as pessoas consomem tantas banalidades e na hora de comprar um ingresso para uma peça ou mesmo comprar um livro nunca têm dinheiro? Por que essa mania horrorosa de só ir a uma peça quando se ganha cortesia? Isso é um absurdo, é um desrespeito ao nosso ofício e ao que podemos proporcionar de melhor à sociedade: um cidadão mais consciente, crítico, feliz e pleno de boas ideias e condutas. Isto sim, deve ser uma PRIORIDADE para o ano que se aproxima. E que as boas profecias para 2011 se cumpram!!!

24 de novembro de 2010

Comentários do público

Amigos, deixo aqui as impressões de uma professora chamada Cláudia, que foi assistir ao espetáculo nesse domingo, dia 21.11. É sempre bom compartilhar a recepção das pessoas do que nos propusemos a fazer. Aos que já assistiram ao trabalho e aos que irão assistir, as impressões, sejam elas quais forem,sempre serão bem vindas! Salve Jorge!




     Ei  Michelle,minha professora querida! Como vão as aulas... Sabe-se que para ser D. Margarida é necessário ter algumas características bem marcantes. Podemos destacar algumas como paciência, pontualidade, empenho e, sobretudo muita vontade de estar ali mesmo sabendo que a grande maioria não interessa pelo que é dito.
    Mas apesar de tudo é gratificante o aprendizado afinal, tudo é verbo amar e odiar, dar e receber, sofrer e curar é  assim que caminhamos para viver a vida, que possui varias complexidades. E como achamos graça em tudo, principalmente quando nos vemos dentro daquele contexto.
     O uso da palavra é muito importante e como D. Margarida realiza de forma brilhante. Um Texto com todas as nuances de uma verdadeira sala de aula, perpassando desde as questões mais corriqueiras com um ¨pum¨ até as questões políticas que envolve a educação deste país.
    Que bom que você persistiu ao longo desses treze anos e nos presenteou com um belíssimo trabalho. Temos uma força divina que nos ergue e nos impulsiona, mostrando os caminhos infinitos a percorrer. E para que a nossa alma se expanda sem receio, através das realizações é necessário ter amor que tudo ilumina e a todos se estende sem distinção.
    Obrigado pela sua alegria, sua irreverência e sua dedicação no trabalho. Adorei mesmo, pena que BH é assim mesmo, pouco se tem abertura ficando alguns espetáculos restritos. Já falei com todos os professores onde trabalho. Agora estou esperando um amigo, que trabalha no EJA chegar de viagem para articular a possibilidade de levar os alunos. Nos próximos trabalhos, que breve irão acontecer, se houver a possibilidade de agendar nos dias de semana fica muito mais fácil de transportar os alunos.
Mais uma vez parabéns a todos aí, um forte abraço e que Papai do Céu te abençoe!!!
                                                              Tudo de bom, bjus Claudinha.

12 de novembro de 2010

O Texto


 Foto: Leo Koroth
 
Apareceu a Margarida, trata-se de um texto teatral do dramaturgo, escritor, diretor, cineasta e tradutor Roberto Athayde, escrita em 1971, quando ele contava com apenas 21 anos de idade. O texto é uma dos mais montados no Brasil, bem como em outros países, já tendo sido encenado em mais de trinta países, contabilizando cerca de trezentas montagens pelo mundo.
No monólogo, uma tirânica professora usa um amplo leque de recursos, da demagogia à sedução e à chantagem, para envolver a sua turma de alunos no seu universo de desvario. A peça é uma imagem do microcosmo do poder, tendo a sala de aula como primeiro espaço de adestramento.
Apesar de ser um texto que remete ao momento em que foi escrito, o período da ditadura militar no Brasil, a peça não é datada e trata de várias questões pertinentes ao universo contemporâneo, a exemplo dos discursos do poder, do autoritarismo e a manipulação das ideias a que frequentemente todas as pessoas são submetidas, em especial, à “ditadura do consumismo”.

Proposta de Montagem da Cia Flores de Jorge

Foto: Leo Koroth


Como a peça permite várias interpretações e enfoques sobre a despótica professora Margarida, a Flores de Jorge Cia Cênica propôs focar a proposta cênica nos discursos do poder, em suas várias instâncias, representados na emblemática figura de Dona Margarida.


Foto: Leo Koroth

O processo de criação da montagem, que durou nove meses, não traz o texto na íntegra e propôs alguns cortes e adaptações, tendo como propósito atualizar a dramaturgia para o século XXI e concentrar nos trechos mais relevantes da peça. Antes da estreia, vários ensaios abertos chamados de aulas abertas, foram realizados para estabelecer uma interlocução mais direta entre a atriz e a plateia, uma vez que no texto e na encenação, o público é pressentificado como os alunos de Dona Margarida.
O espetáculo foi viabilizado sem recursos das leis de incentivo.
A montagem realizou a estreia no dia 15 de outubro no Teatro da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, uma homenagem ao dia dos professores.

Flores de Jorge Cia Cênica e a Equipe Envolvida nesse Projeto


 Foto: Leo Koroth


"Apareceu a Margarida" é o segundo trabalho da Flores de Jorge Cia Cênica, criada em 2006, e o primeiro trabalho solo da atriz Michelle Ferreira.
O primeiro espetáculo da companhia foi a peça Hotel Açucenas, que discorre sobre histórias de vida das profissionais do sexo da rua Guaicurus, que contou com a dramaturgia de Pollyana Costa Santos e direção de Fábio Furtado e no qual Michelle dividiu a cena com a atriz Lucilene França.
Apareceu a Margarida também possibilitou ao ator Camilo Lélis assinar a sua primeira direção profissional.
A produção da peça contou ainda com vários profissionais que trabalharam de forma colaborativa com a atriz e o diretor (a ficha técnica completa segue abaixo).

Ficha Técnica "Apareceu a Margarida"



Foto: Leo Koroth



Texto: Roberto Athayde com adaptações do grupo
Direção: Camilo Lélis
Elenco: Michelle Ferreira
Voz da última cena: Alexandre Toledo
Cenário e Adereços: Tiago Almeida
Figurino: Iasmim Marques
Iluminação: Marina Arthuzzi e Wellington Santos
Sonoplastia: Marina Viana
Projeto Gráfico: Tiago Almeida
Fotos: Leo Koroth
Produção: Michelle Ferreira
Realização: Flores de Jorge Cia Cênica


 Projeto Gráfico: Tiago Almeida

11 de outubro de 2010

Nessa sexta!

Apareceu a Margarida estreia nessa sexta, dia 15, às 21h no Teatro da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa e reapresenta dia 17, domingo às 19h. (Praça da Liberdade, Funcionários).

Ingressos a R$20,00 inteira e R$10,00 meia (estudantes portando comprovante de matrícula e documento com foto, professores que comprovem o exercício da docência ou para os que tiverem passaporte cultural do Galpão Cine Horto).

Dona Margarida manda todos não faltarem à aula, senão...

8 de outubro de 2010

Estreia da peça Apareceu a Margarida!



1- Sobre o texto

Apareceu a Margarida, foi escrita em 1971 pelo dramaturgo, escritor, diretor, cineasta e tradutor Roberto Athayde, quando ele contava com apenas 21 anos de idade. A peça é uma das mais montadas no Brasil, bem como em outros países, já tendo sido encenada em mais de trinta países e cerca de trezentas montagens já foram realizadas no mundo.
No monólogo, uma tirânica professora usa um amplo leque de recursos, da demagogia à sedução e à chantagem, para envolver a sua turma de alunos no seu universo de desvario. A peça é uma imagem do microcosmo do poder, tendo a sala de aula como primeiro espaço de adestramento.
Apesar de ser um texto que remete ao momento em que foi escrito, o período da ditadura militar no Brasil, a peça não é datada e trata de várias questões pertinentes ao universo contemporâneo, a exemplo dos discursos do poder, do autoritarismo e a manipulação das ideias a que frequentemente todas as pessoas são submetidas, em especial, à “ditadura do consumismo”.
2- Sobre a proposta da Cia Flores de Jorge
Como a peça permite várias interpretações e enfoques sobre a despótica professora Margarida, a Flores de Jorge Cia Cênica propôs focar a proposta cênica nos discursos do poder, em suas várias instâncias, representados na emblemática figura de Dona Margarida.
O processo de criação da montagem, que durou nove meses, não traz o texto na íntegra e propôs alguns cortes e adaptações, tendo como propósito atualizar a dramaturgia para o século XXI e concentrar nos trechos mais relevantes da peça. Antes da estreia, vários ensaios abertos chamados de aulas abertas, foram realizados para estabelecer uma interlocução mais direta entre a atriz e a plateia, uma vez que no texto e na encenação, o público é pressentificado como os alunos de Dona Margarida.
O espetáculo foi viabilizado sem recursos das leis de incentivo.
3- Sobre a Flores de Jorge Cia Cênica e a equipe envolvida nesse projeto
Apareceu a Margarida é o segundo trabalho da Flores de Jorge Cia Cênica, criada em 2006, e o primeiro trabalho solo da atriz Michelle Ferreira.
O primeiro espetáculo da companhia foi a peça Hotel Açucenas, que discorre sobre histórias de vida das profissionais do sexo da rua Guaicurus, que contou com a dramaturgia de Pollyana Costa Santos e direção de Fábio Furtado e no qual Michelle dividiu a cena com a atriz Lucilene França.
Apareceu a Margarida também possibilitou ao ator Camilo Lélis assinar a sua primeira direção profissional.
A produção da peça contou ainda com vários profissionais que trabalharam de forma colaborativa com a atriz e o diretor (a ficha técnica completa segue abaixo).
Para a Cia Flores de Jorge, a peça estreia em um momento “estratégico”: no dia do professor, homenagem a esse profissional que luta todos os dias para efetivar uma educação de melhor qualidade e no momento de pós-eleição dos governantes em âmbito estadual, e, quando o Brasil caminha para o segundo turno que elegerá o novo (ou a nova) presidente do país.
Ficha Técnica
Apareceu a Margarida
Texto: Roberto Athayde com adaptações do grupo
Direção: Camilo Lélis
Elenco: Michelle Ferreira
Voz da última cena: Alexandre Toledo
Criação de cenário e adereços: Tiago Almeida
Confecção de cenário e adereços: Tiago Almeida
Criação de Figurino: Iasmim Marques
Costureira: Lionéia de Almeida Marques e Maristela da Silveira Campos
Iluminação: Marina Arthuzzi
Sonoplastia: Marina Viana
Técnico de som e de luz: Wellington Santos
Projeto Gráfico: Tiago Almeida
Fotos: Leo Koroth
Filmagem: Fábio Britto
Assistência de produção: Taimara Liz
Colaboração da produção: Elbert Tales
Bilheteria Teatro da Assembléia: Mariana Moreno
Produção: Michelle Ferreira
Realização: Flores de Jorge Cia Cênica
4- Informações sobre a temporada
Estreia temporada Apareceu a Margarida:
15.10, dia do professor, 6a feira, às 21h no Teatro da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa
Praça da Liberdade, 21, Bairro Funcionários
Apresentação também no dia 17.10, domingo às 19h

Ingressos a R$20,00 inteira e R$10,00 meia para estudantes portando comprovante de matrícula e documento com foto, professores que comprovem o exercício da docência e para os que tiverem Passaporte Cultural do Galpão Cine Horto.

Segunda temporada:
Teatro da Assembléia Legislativa de Minas Gerais
Rua Rodrigues Caldas, 30 Bairro Santo Agostinho
Novembro
20, 21, 27 e 28/11
Dezembro
04, 05, 11 e 12/12
Sábado às 21h e domingo às 19h
Ingressos a R$20,00 inteira e R$10,00 meia para estudantes portando comprovante de matrícula e documento com foto, professores que comprovem o exercício da docência e para aqueles que tiverem o Passaporte Cultural Galpão Cine Horto.

18 de julho de 2010

Apareceu a Margarida!

Não tem jeito para mim, caso de polícia mesmo!
Toda vez que eu acabo um processo de produção eu digo "não vou peitar mais tanta energia, tanto trabalho e tanta despesa com teatro".Lá vai eu depois de algum tempo fazer outra coisa!
Então, em setembro, outubro estreia "Apareceu a Margarida". Texto de Roberto Athayde. Direção: Camilo Lélis.
Tem alguém aí chamado Jesus???
Aguardem!!!

9 de fevereiro de 2010

Pra quê que serve isto?

Pra quê que serve isto?

Pra quê que serve isto? Com esta frase, uma profissional do sexo que trabalha em um hotel na Rua dos Guaicurus, hipercentro de BH, queria saber o que levava aqueles “jovens estranhos”, que éramos nós, andando nos corredores do hotel, a pesquisar as mulheres da zona. Esse trabalho de campo culminaria, no ano de 2007, no espetáculo “Hotel Açucenas”, direção de Fábio Furtado, dramaturgia de Pollyana Costa Santos e no qual eu integraria o elenco, juntamente com Lucilene França, Matheus Santanna e, posteriormente, Mário Barro, além, claro, de todas as demandas de produção que eu enfrentaria. Enfim...

Mas, voltando à pergunta acima, o questionamento Daquela mulher levou-me a pensar seriamente no para quê desse penoso trabalho em visitar mulheres, no querer desvendar suas histórias, mas, principalmente, no motivo que levaria estas questões a serem debatidas na cena, tendo ainda um público como cúmplice.

São Jorge, pra quê que serve isto?


Quantas vezes, nós, trabalhadores do teatro, nos deparamos com essa e outras questões cruciais ao nosso ofício? O que nos impulsiona a perder uma vida social que nossos amigos,de outras atividades, podem usufruir, a ensaiarmos exaustivamente até tarde da noite após um longo e cansativo dia de trabalho, a chegarmos em nossos lares e não termos nada para saciar a fome, a perdermos tantas festas de aniversários e outras confraternizações, a pagarmos, enfim, muitíssimas vezes, para podermos viabilizar os nossos espetáculos, para que eles não fiquem somente no plano das ideias?

Naquele dia, parada na porta de um quarto fedendo a cigarro e a perfume, achei engraçada a pergunta Daquela mulher, que nos questionava, com seus grandes olhos, no motivo do nosso interesse por aquelas vidas que “desfloreciam a cada dia” naquele lugar e, ao mesmo tempo, vidas tão peculiares, histórias tão interessantes...

No entanto, ela considerava a todos nós pessoas “excêntricas”, por disponibilizarmos a caminhar por aqueles hotéis e querermos desvendar seu tempo passado, presente, e por que não, futuro... que futuro talvez, estivesse reservado, à elas e a nós do teatro!

Pra quê que serve isto?

Hoje, esta pergunta reverbera fortemente em mim, cada vez que tenho que optar em seguir adiante no ofício de atriz... O que conduz a cada de um de nós, na senda teatral? O que aconteceria se todos os atores do mundo morressem ou simplesmente desaparecessem?
Será que, além de nossos familiares e amigos, a sociedade sentiria a nossa falta, faria um minuto de silêncio sequer, a todos os loucos desbravadores do teatro?

Pra quê que serve isto?


Não sei, acredito que não. Ao mesmo tempo, uma força, quase sobrenatural, nos sobrepuja à luta diária, a não deixar que os sonhos fiquem no “etéreo” e que uma nova maneira de ver, pensar e posicionar no mundo possa conduzir a todos nós, a um lugar melhor, um espaço onde não há espaço para a mediocridade, onde a lei do “menor esforço”, ou “ganhe vantagens a qualquer preço”, “traia o seu melhor amigo, se preciso for”, ganhe lugar na sociedade.


Talvez o teatro seja um dos poucos lugares, onde verdades, não as científicas, possam ser reveladas. Verdades que possam pertencer a cada de um de nós, ao coletivo e, portanto, pra isto que serve o teatro.

Michelle Ferreira
Guerreira de São Jorge.