30 de janeiro de 2008
O que escorre...
tem gente que dorme.
Enquanto escorre
sonhos desmoronam nas casas em área de risco
Enquanto chove
Tem gente que grita pedindo clemência à São Pedro
Enquanto pinga forte
Uns ficam felizes pelas plantações e outros desabam sem perspectiva
E além do mais
enquanto chove por aqui tem lugar que seca, seca, seca até pedir o céu nublado de volta.
29 de janeiro de 2008
Maria Lira em tempos de chuva
28 de janeiro de 2008
Ciclos que se configuram na alma feminina...
Bem... isso tudo é pra falar que estou lendo um livro muito interessante (como a viagem pro meu trabalho é longa, preciso de algo que ocupe o som barulhento do ônibus); o livro se chama "Mulheres que correm com os lobos" e a autora é Clarissa Pinkola Estés, analista junguiana há mais de vinte anos e que recorre a vários arquétipos para mostrar a importância do resgate da mulher selvagem, do "self", do poder de nossa intuição que em tempos pós-modernos, cada vez está dissolvendo...
P>S: Gente, sei que esse texto está um pouco confuso. Tem um monte de gente conversando do meu lado atrapalhando minha concentração de escritora. Bem, prometo melhorá-lo depois, tenho que respeitar os ciclos né?
24 de janeiro de 2008
São Jorge, o Dragão e a Lua: Início do Santo Guerreiro...
De acordo com a lenda, Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia. Jorge ainda criança, mudou-se para a Palestina com sua mãe após seu pai morrer em batalha. Sua mãe, originária da Palestina, possuia muitos bens e o educou, com todo esmero. Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia à sua natural índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade - qualidades que levaram o Imperador a lhe conferir o título de conde da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo a função de Tribuno Militar.
Neste tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador. Vendo, Jorge, que urdia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres. O imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos e no dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses.
Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O que é a Verdade?". Jorge respondeu-lhe: "A Verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e Nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade."
Como São Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio aos poucos ganhado notoriedade e muitos romanos tomado as dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, segundo a tradição católica, em Nicomédia (Ásia Menor).
Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lídia (Antiga Dióspolis), cidade em que crescera com sua mãe. Lá ele foi sepultado, e mais tarde o imperador cristão Constantino, mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis para que a devoção ao santo fosse espalhada por todo o Oriente.
Pelo século V, já havia cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Armênia, em Bizâncio, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores santos da Igreja Católica.
Disseminação da devoção a São Jorge
Na Itália, era padroeiro da cidade de Gênova. Frederico III da Alemanha dedicou a ele uma Ordem Militar. Na França, Gregório de Tours era conhecido por sua devoção ao santo cavaleiro; o Rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa, Santa Clotilde, mandou erguer várias igrejas e conventos em sua honra. A Inglaterra foi o país ocidental onde a devoção ao santo teve papel mais relevante.
O monarca Eduardo III colocou sob a proteção de São Jorge a Ordem da Jarreteira, fundada por ele em 1330. Por considerá-lo o protótipo dos cavaleiros medievais, o rei inglês Ricardo I, comandante de uma das primeiras Cruzadas, constituiu São Jorge padroeiro daquelas expedições que tentavam conquistar a Terra Santa dos muçulmanos. No século XIII, a Inglaterra já celebrava o dia dedicado ao santo e, em 1348, criou a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge. Os ingleses acabaram por adotar São Jorge como padroeiro do país, imitando os gregos que também trazem a cruz de São Jorge na sua bandeira.
Ainda durante a Grande Guerra, muitas medalhas de São Jorge foram cunhadas e oferecidas aos enfermeiros militares e às irmãs de caridade que se sacrificaram ao tomar conta dos feridos de guerra. As artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo.
Em Paris, no Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael, intitulado "São Jorge vencedor do Dragão". Na Itália, existem diversos quadros célebres, como um de autoria de Donatello.
São Jorge, o Dragão e a Lua
O dragão (o demônio) simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu, representaria a província da qual ele extirpou as heresias.
A relação entre o santo e a lua viria de uma lenda antiga que acabou virando crença para muitos. Diz a tradição que as manchas apresentadas pela lua representam o milagroso santo e sua espada pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda.
ORAÇÃO À SÃO JORGE
CABARÉ MINEIRO
Cem olhos morenos estão despindo seu corpo gordo picado de mosquito.
Tem um sinal de bala na coxa direita,o riso postiço de um dente de ouro,mas é linda, linda gorda e satisfeita.
Como rebola as nádegas amarelas!
Cem olhos brasileiros estão seguindo o balanço doce e mole de suas têtas....
(DRUMMOND, Carlos. Alguma Poesia.)
Processos para a Prontidão Cênica
Aos atores me desculpem a grosseria em algumas palavras, mas a meiguice não é o meu forte.
Beijos carinhosos a todos os batalhadores da cena!
Então...
Uma coisa que nós atores nos deparamos a todo momento em sala de ensaio é sobre o treinamento em si. Qual o melhor método, a melhor forma de disponibilizar meu corpo para o trabalho da cena? E, principalmente, de que forma podemos nos precaver de hematomas e otras cositas não muito interessantes que sempre ocorrem com grande parte dos atores?
Temos muitos mestres espalhados pelo mundo: o grande Stanislávski, Grotówski, Brecht, Artaud... todos com o seu legado incontestável para o universo do teatro. Pessoas que realmente dedicaram suas vidas à arte e propuseram o teatro como uma área do conhecimento como as demais.
Porém, eu não suporto quando chega alguém querendo trabalhar dentro dessas metodologias (criadas tão longe de nós brasileiros...) como se fossem as grandes verdades da vida!
Para mim, o treinamento físico existe para potencializar as minhas energias e, principalmente, me resguardar respeitando a fisiologia da minha voz, o meu corpo... já que cada corpo encontra uma melhor forma de se aquecer.
Vejo muitos atores por aí, adorantes do teatro físico, amantes de Grotowski com sérios problemas vocais, tendinites a mil e aí me pergunto: no que o treinamento "ao pé da letra" auxiliou esse ser humano?
Bem, treinamento é uma ferramenta muito importante do ator, acredito piamente nisso e sou uma defensora desde que respeite a nossa fisiologia. Assim como a técnica nos auxilia , mas, ela solitária, apenas a "casca" não ajuda em nada ao ator mostrar seu grande trunfo: a verdade do que está fazendo de "mentirinha" na cena....
23 de janeiro de 2008
Idéias que pegam na maçaneta do pensamento...
É difícil mesmo gente, conciliar tantos eus em uma mesma pessoinha...
Acho que todo artista se pega, ao menos uma vez por dia, com o desejo de abandonar certas idéias... viver na corda bamba é realmente uma arte!
Todo brasileiro sabe disso, mas o artista brasileiro...
melhor como ninguém.
22 de janeiro de 2008
FRAGMENTOS DE UM ARTIGO:
Quando criança minha avó vendia roupas usadas e eu a acompanhava em um local na cidade de Uberaba, Minas Gerais chamado Gogó da Ema. Aos poucos, pude entender tratar-se de um prostíbulo onde escandalosas mulheres amontoavam-se junto às roupas. Acredito que esse foi o meu ponto de partida no universo da prostituição. Ë por isso que, de certo modo, creio que nossas escolhas artísticas se baseiam sempre em fatos que nos marcaram profundamente, principalmente na infância, e que transpomos para o universo da arte.
Muito tempo depois, estava na graduação do curso de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes da UFMG quando adentrei-me no sexto período na prática de montagem do curso de bacharelado ministrada pelo professor Luiz Carlos Garrocho. O foco da pesquisa eram os seres marginais da região do baixo centro de Belo Horizonte, dentre estes, as prostitutas. No trabalho de campo, por várias vezes visitei hotéis de prostituição da rua Guaicurus no centro da cidade onde pude gravar vários relatos. O resultado desse processo criativo culminou com a apresentação do trabalho “Fudidos Intervenção Cênica no espaço urbano” em agosto de 2004 no quarteirão fechado da rua Guaicurus. A direção foi do professor Luiz Carlos Garrocho.
Esse trabalho fomentou o desejo de uma pesquisa mais aprofundada sobre a prostituta. Alguns parceiros que têm uma pesquisa dentro desse universo como Lúcio Barros, sociólogo, Francilins, fotógrafo e antropólogo além de Dos Anjos, presidente da Associação das Profissionais do Sexo de Belo Horizonte, permaneceram após a finalização do processo “Fudidos”. Isso tudo impulsionou a elaboração de um projeto para leis de incentivo onde o foco era histórias de vida das prostitutas ou profissionais do sexo, como gostam de serem chamadas; e que resultaria em uma montagem cênica. Em 2005, o projeto foi aprovado na Lei Municipal de Incentivo à cultura de Belo Horizonte.
Trazer esse tema à tona foi sempre um desafio. A sociedade de Belo Horizonte, por mais que saiba de todos os hotéis existentes na rua Guaicurus, prefere ignorar o uso dessas casas antigas. É fato também que a Guaicurus é para a grande maioria das pessoas uma região perigosa, conhecida também pelo tráfico de drogas e por ser onde muitos delinqüentes praticam roubos e assaltos.
Antes de partir para o processo de criação, passei novamente pelo trabalho in loco. Visitas em hotéis, casas de strip-tease e cines pornôs foram realizadas por toda a equipe de montagem: direção, dramaturgia, elenco, cenógrafo e iluminador. Todo esse trabalho tinha o intuito de levar material para a sala de ensaio. Dessa pesquisa, para além das fitas gravadas, ficou em cada um de nós as impressões de cheiros, cores, corpos como mercadorias à venda. Um fato que chamou a atenção de todos foi a quantidade considerável de homens pelos corredores, em pleno horário comercial. A sensação é de que todos os homens que trabalham no centro da cidade freqüentam esses locais.
Esse processo de ir e vir aos hotéis durou um período de dez meses da montagem, sendo que, nos últimos três meses que antecederam à estréia do espetáculo, houve uma diminuição das visitas devido à quantidade de ensaios para finalização do espetáculo.
O trabalho foi realizado em processo colaborativo, ou seja, a dramaturgia foi construída em cena, com as contribuições importantíssimas dos relatos de todas as mulheres com quem tivemos contato e das improvisações de nós atores.
É importante ressaltar que desde o princípio do processo, sempre defrontamos com uma questão: O que queremos dizer do universo da prostituição? Qual o recorte que queremos fazer dentro de um universo tão amplo que aborda sexo, relações entre comércio e mercadorias humanas expostas. Quando finalmente optamos pelo enfoque nas histórias de vida de prostitutas o grande perigo era cair no estereótipo, mulheres que fazem sexo com trinta, quarenta, cinqüenta homens por dia... não, não era disso que queríamos falar, ou melhor, não apenas disso. Cabia a nós desvendar-mos o outro lado, da prostituta não enquanto vítima da sociedade, mas da mulher, filha, mãe e esposa que possuía um passado, um presente e um futuro muitas vezes nem tão promissor, como a maioria das pessoas almeja.
Impressões de uma menina de São Jorge
Comecei esse ano com uma necessidade de me expressar através da escrita. Não que irei virar uma dramaturga pois sou enérgica demais para o tempo da palavra. Sou da ação. Mas o lado introspectivo me invade às vezes. Bem, acho que todo mundo merece um canto pra sossegar o pensamento né? Espero que seja esse... um espaço também pra falar dos anseios de artista, do nosso processo criativo, de amor e amizade e porque não... do horóscopo do dia.